Camisa 9 do Palmeiras e do Brasil recebeu críticas após seu primeiro jogo como titular. Veja análise de quem cobre de perto o futebol espanhol
O Brasil foi eliminado nas quartas de final da Copa América, nos pênaltis, pelo Uruguai, com Endrick no time inicial. A Espanha, futuro destino do atacante, garantiu vaga na final da Eurocopa, contra a França, com Lamine Yamal de titular.
Um está para completar 18 anos, enquanto o outro está perto dos 17. Em comum? Muita expectativa em cima de seus ombros. Após se despedir do Palmeiras, Endrick começou jogando pela primeira vez com a seleção. Yamal, do Barcelona, mesmo mais novo, tem mais experiência na equipe nacional. As comparações podem seguir diferentes vias.
No fim, um é diferente do outro. Mas as reações após cada partida deles podem dizer muito. O jornalista Marcelo Bechler, da TNT Sports, fez uma análise interessante sobre o comportamento do brasileiro com jovens promessas.
‘Somos autodestrutivos’
Na visão do repórter, que cobre de perto o futebol espanhol, Lamine Yamal consegue atuar de maneira mais leve por não carregar uma responsabilidade que não lhe pertence. Endrick, do outro lado, atua para um público ‘sem paciência’.
“Se a Espanha perde hoje (terça-feira), dificilmente iam apontar qualquer tipo de lupa para o Lamine Yamal. Ou se perde da Alemanha, se tivesse caído na primeira fase. Sabem que é um jogador que vão precisar dele nos próximos 10 e 15 anos”, começa Bechler.
“Fui ver depois da eliminação do Brasil para Uruguai. Todas as postagens que envolviam o Endrick eram criticando-o, como se não prestasse mais. Nós, no Brasil, temos um poder autodestrutivo. Somos autodestrutivos com jogadores de qualquer idade. Não temos noventa minutos de paciência. O Endrick passou de salvador da pátria a não servir mais em noventa minutos”, completa o jornalista (veja o vídeo abaixo).
“Nosso perfil como brasileiro não convida a apostar em um jogador de 16 e 17 anos. Talvez ele não está pronto, de vez em quando vai precisar mais do time, do que o time vai precisar dele, para ganhar maturidade. Coisa que o Lamine Yamal, não. Se perdesse, a culpa seria do Carvajal, que tomou cartões, ia ser do Morata, do goleiro, da comissão, de outra coisa. Ou não ia ser de ninguém. Todo mundo sabe do seu lugar e do seu ponto de evolução. Mas nós, no Brasil, nesse ponto, somos mais destrutivos”, finalizou.
O que pensam os torcedores?
A postagem de Marcelo Bechler rendeu muitas respostas. Algumas concordando com a opinião do jornalista, outras nem tanto. O @MichelCosta_ agradeceu um antigo treinador por ter deixado uma jovem promessa no banco em 1994, ano do Tetra.
“Concordo plenamente. Ainda que Endrick tenha feito uma partida abaixo das expectativas, sobretudo daqueles que cobravam titularidade, as pessoas perderam a noção de que estão falando de um garoto. Sorte do Brasil, Parreira ter deixado Ronaldo no banco em 94”, comentou.
O @bonzatto1930 destaca a velocidade como as avaliações mudam: “O problema é que isso se dá pela empolgação inicial também. Colocaram o Endrick como o novo Pelé com 2 jogos. Na mesma velocidade que elegem um novo craque, culpam ele na derrota”.
Por último, o @mikaelbenjamim traz um importante ponto. “Dorival não tem segurança pra colocar o Endrick porque está inserido em uma organização que tem a irresponsabilidade e a falta de convicção como princípios. Não é da torcida que tem que se cobrar racionalidade”.