Famigerada ‘reunião’ entre diretoria e comissão técnica do Tricolor após goleada para o Vasco serviu para mudar algumas práticas
O São Paulo viveu o ponto mais baixo de sua temporada ao sofrer goleada do Vasco, de virada, por 4×1, há algumas semanas. Foi um vexame maior do que a eliminação no Paulistão para o Novorizontino e que preocupou a todos.
Nos Estados Unidos, o presidente Julio Casares deu declaração dizendo que esperava uma resposta imediata contra o Criciúma. Internamente, a diretoria e a comissão técnica se reuniram para alinhar alguns pontos e fazer mudanças de planejamento.
Segundo a jornalista Priscila Senhorães, da TNT Sports, a cúpula tricolor entendeu que a estratégia para as quatro partidas sem vencer havia sido equivocada. Luis Zubeldía privilegiou trabalhos de recuperação aos treinos táticos em campo e rodou o elenco com receio de ‘estourar’ alguns jogadores. Além disso, controlou os minutos de quem atuou com mais frequência.
São Paulo muda rota e assume risco
Desde então, o argentino vem escalando o São Paulo com mentalidade diferente. Ele está repetindo o máximo que pode quem começa as partidas e, nos últimos três compromissos, fez apenas uma alteração nos XI iniciais de um jogo para outro.
E de maneira forçada, já que Luciano estava suspenso para o duelo com o Athletico-PR ontem (3) e Wellington Rato entrou em seu lugar. De resto, os titulares foram os mesmos contra Criciúma, Bahia e Furacão.
Vamos falar no português claro: a diretoria do São Paulo interferiu no trabalho de Luis Zubeldía e pediu para que ele fizesse as coisas do jeito dela, e não dele. Em tese, não há nada de errado – afinal, a diretoria precisa dirigir, este é o trabalho. Mas isso lembra um outro fatídico episódio do primeiro ano da gestão.
De acordo com a reportagem, os dirigentes pediram que Zubeldía usasse força máxima enquanto o Brasileirão é o único campeonato em disputa porque a tendência é o calendário piorar a partir de agosto, quando Libertadores e Copa do Brasil retornam.
Até o momento, essa estratégia vem dando certo. E não surpreende, porque continuidade costuma ajudar na formação de um time, uma identidade e uma maneira de jogar. Mas o problema é a médio/longo prazo: assim como no Paulistão em 2021, a diretoria decide focar no curto prazo e coloca em xeque o futuro nem tão distante.
Esta decisão pode, de fato, ajudar o Tricolor a somar pontos na Série A e conseguir uma gordura para depois, mas põe em risco o físico de quem entra em campo.
Para que serve o elenco?
O São Paulo, temporada após temporada, faz diversas contratações – muito mais do que deveria. Em 2024, finalmente conseguiu montar um elenco profundo e equilibrado, com peças de diferentes características em mais de um setor.
Mas de que adianta gastar dinheiro nestes jogadores se eles servirão apenas como reservas no Brasileirão quando a Copa do Brasil e a Libertadores voltarem? Na minha visão, há atletas de qualidade que podem contribuir em todas as frentes. Senão, não estariam em um clube com o tamanho do São Paulo.
Deixá-los de lado para forçar os titulares mesmo em sequências pesadas pode dar errado por dois motivos: tirar o ritmo de quem não joga e queimar quem não joga.
Está indo tudo bem por enquanto, mas e se Lucas sente outra lesão na coxa? O que acontece se Ferreira voltar a sentir os incômodos de antes? Calleri e Welington, que se matam sempre que entram em campo (sendo que o último sequer tem reposição)?
O fato de os rodízios na sequência de quatro jogos sem perder não terem dado certo não signifca que o problema é o rodízio. Zubeldía poderia testar outras combinações de jogadores e outras rotações no time para melhorar o quadro.
Torço para que não haja nenhuma baixa importante, mas não acho que este seja o melhor caminho.